sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Pescados e memória. Existe alguma relação?

A introdução de uma aula prática sobre peixes é extremamente conveniente, uma vez que apesar dos inúmeros benefícios que essa variedade apresenta, muitas pessoas evitam a ingestão de peixes não por questão de gosto e sim, por não conhecer formas de preparo adequadas. Desse modo, a prática trouxe além de noções acerca do pré-preparo dos peixes, algumas formas saborosas e fáceis de elaboração desse alimento, o que pode servir para estimular o seu consumo.
Um fato interessante observado na prática foi em relação ao peso descrito na embalagem do filé de merluza (peixe preparado pelo nosso box). No rótulo da embalagem, vem escrito que o conteúdo é de 1Kg de peixe. Porém ao pesar os filés, verificou-se que a quantidade de peixe era significativamente menor, sendo que uma grande quantidade do peso da embalagem era representada por gelo! Isso mostra o quanto o consumidor deve ficar atento em relação ao conteúdo das embalagens de vários alimentos.
Preparou-se o filé de merluza à dorê. Notou-se que peixes apresentam um tempo de cocção menor em comparação com carnes vermelhas, fato que deve ser levado em conta no preparo desse alimento de modo a evitar sua a desintegração.

Visando estimular o consumo de peixes e um maior conhecimento acerca das propriedades benéficas desse alimento, segue abaixo uma matéria sobre a importância dos pescados para o nosso cérebro.

PEIXE PARA O BEM DO CÉREBRO

Tem gente que não pode ouvir falar em óleo de fígado de bacalhau. Tudo bem que na vida existem coisas, digamos, mais saborosas. Mas, na maioria dos casos, a má impressão se deve a um trauma de infância, já que mães e avós obrigavam sua prole a mandar goela abaixo umas tantas colheradas do tal suplemento. A justificativa era vaga: “Faz bem”. E engula mais esta: elas estavam certas. Especialmente no que diz respeito à inteligência. Se não conheciam direito esse benefício, hoje a ciência explica.

Claro, você não precisa recorrer ao óleo. Desde que acrescente algumas porções de peixe à sua dieta, está tudo certo. A medida é essencial para manter nada menos do que o cérebro em forma. Mas, tanto no óleo de fígado de bacalhau quanto em um sashimi de salmão ou numa sardinha bem temperada, os autores da proeza na massa cinzenta são os ácidos graxos ômega-3, encontrados principalmente em espécies de águas frias. “Esse tipo de gordura influencia o desempenho cognitivo”, aponta a pesquisadora Maria Aberg, da Universidade de Gotemburgo, na Suécia.

Ela acaba de realizar um estudo com 4 mil rapazes e constatou o seguinte: aqueles que, numa entrevista, afirmaram que comeram bastante peixe no dia-a-dia quando tinham 15 anos se deram muito melhor em testes de lógica e questões de matemática quando completaram 18. O segredo do sucesso? “O ômega-3 estimula a produção de novos neurônios, participa do desenvolvimento e da manutenção do sistema nervoso e serve de matéria-prima para a produção de substâncias protetoras do cérebro”, enumera Cícero Galli Coimbra, neurologista da Universidade Federal de São Paulo.

Para ser mais claro, esse ingrediente contribui para o raciocínio ágil e uma memória de dar inveja. Daí ele ser recomendável em qualquer fase da vida — da gestação, quando a mãe o ingere, até a maturidade. Ele ajuda a desenvolver o cérebro do feto e, mais tarde, pode conservar os neurônios funcionando a mil até mesmo na melhor idade.

Só fique de olho no preparo: a fritura costuma bloquear os efeitos positivos dos ácidos ômega.“Uma parcela deles se degrada quando é submetida a altíssimas temperaturas”, afirma o cientista de alimentos Jesuí Visentainer, da Universidade Estadual de Maringá, no Paraná. Acredite: tudo que é frito enfrenta um calor muito maior do que aquilo que é assado, ensopado ou grelhado.

Mas nem só nas águas de ômega-3 nadam os peixes. “O interesse pelo alimento cresceu bastante depois que foram comprovados seus altos teores de vitaminas A e D, cálcio e fósforo”, ressalta a pesquisadora Cristiane Neiva, do Instituto de Pesca, em Santos, no litoral paulista. A vitamina D, que é uma baita aliada da cachola, merece parênteses: embora a maior fonte da substância seja a luz solar, que estimula sua síntese no corpo humano, é importante garantir pitadas extras com a alimentação.

“De água doce ou salgada, os pescados são sempre um produto do bem”, exalta Jesuí Visentainer. “Todos eles são ricos em vitaminas, sais minerais e ainda fornecem proteínas de excelente qualidade”, acrescenta. Por isso a insistente mensagem das sábias avós e dos especialistas para incluí-los no cardápio. Segundo o médico Cícero Galli Coimbra, algumas pesquisas até sugerem que não se coma outro tipo de carne. Ok, não precisa exagerar. “Duas ou três vezes por semana já é suficiente para tirar proveito das suas virtudes”, diz Nelson Iucif, diretor da Associação Brasileira de Nutrologia.

Incluir a cabeça do peixe nas receitas é um hábito pouco comum no Brasil. “Trata-se de uma questão cultural”, explica a nutricionista paulistana Andréa Esquivel, especialista em gastronomia. “Em países orientais e até mesmo na Europa, essa parte é muito usada para preparar excelentes caldos”, exemplifica. Uma pena que por aqui seja diferente. “Esse pedaço especificamente concentra grandes quantidades de ferro, fósforo, cálcio e proteína”, afirma o químico Jesuí Visentainer. Antes de jogá-lo no lixo, portanto, reconsidere. Que tal um caldinho ou um bom pirão?
Fonte: http://saude.abril.com.br/edicoes/0310/nutricao/conteudo_451602.shtml

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